ISO 56002 - Gestão da Inovação
Publicado em 11 de outubro de 2021
Você já deve saber, mas não custa relembrar:
“Inovar é diferente de inventar”
A inovação implica necessariamente em novos valores percebidos, a invenção nem sempre.
As inovações podem ser incrementais ou disruptivas (radicais) em produtos, serviços, processos, modelo e método.
Sobre o seu caso...
Você quer inovar? Tem necessidade?
Não precisa responder agora. Pense, medite sobre, e depois escreva.
Sim, precisa escrever.
Sério?
Sim! É escrevendo que suas ideias começam a tomar forma e sim, isto está previsto na ISO 56002, no capitulo em que trata de “Política de Inovação”.
Pense nisso como um compromisso, como votos num casamento, e alinhe isso a missão* da empresa.
*Não, a missão da sua empresa não é inovar. São manifestos e/ou compromissos distintos.
Pronto? Escreveu? Ainda não? Experimente convidar colegas para ajudar, faça um concurso se necessário, as vezes ajuda. E não tenha tanta certeza que tem a resposta certa, mesmo que você seja o fundador da empresa! Autoconhecimento é um processo em constante evolução.
Não seja o Mestre dos Magos, pegue leve nas parábolas, certifique-se de que a mensagem foi compreendida, e reforce isso periodicamente, deixando o compromisso cada vez mais claro.
Tone From The Top
A inovação pode partir de qualquer membro de uma organização, mas é importante que a proposta seja endossada pela alta direção.
Inovar envolve riscos, e a ausência de apoio é desmotivadora. O profissional sem apoio se limitará a fazer aquilo para o qual foi contratado e não irá propor melhorias que envolvam risco se, ao fazer isso, coloca em risco “sua cabeça” em contextos deletérios em que o “sucesso é coletivo, mas o fracasso é individualizado.”
Conceitos e Metodologias
Assim como a ISO 27001 (Segurança da Informação), a 56002 chama a atenção para conceitos e valores, e não para um ferramental e/ou metodologia, sendo que estas serão trabalhadas a partir 56003 - Ferramentas e métodos de parceria para inovação.
A grande vantagem dos conceitos é que eles falam a mais gente, pois vão de encontro a valores intrínsecos do ser humano.
Epíteto, filósofo romano do primeiro século d.C., falava sobre a vida plena e a relação com o planejamento. Sua proposta era do olhar holístico, amplo, alinhado com a proposta de vida.
Comprometimento com a meta, escolhas alinhadas com o propósitos, conhecimento das limitações e habilidades, são conceitos presentes na obra de Epíteto, no descritivo da norma, e na natureza humana.
Explore isso.
Objetivos da ISO 56002
Extraindo da introdução da própria norma, composta ao todo de 38 páginas:
Os benefícios potenciais da implementação de um sistema de gestão da inovação, de acordo com este documento, são:
a) maior capacidade de gerir incertezas;
b) aumento do crescimento, receita, rentabilidade e competitividade;
c) redução de custos e desperdícios e aumento da produtividade e eficiência de recursos;
d) maior sustentabilidade e resiliência;
e) maior satisfação de usuários, clientes, cidadãos e outras partes interessadas;
f) renovação sustentada do portfólio de ofertas;
g) pessoas engajadas e com poder de decisão na organização;
h) maior capacidade de atrair parceiros, colaboradores e financiamento;
i) reputação e valorização aprimoradas da organização;
j) conformidade facilitada com os regulamentos e outros requisitos pertinentes.
Princípios
Cada um dos princípios abaixo é esmiuçado na norma, e são excelentes tópicos para meditação, pesquisa, planejamento, experimentação e vivência.
• Realização de valor
• Líderes focados no futuro
• Direção estratégica
• Cultura
• Exploração de Insights
• Gestão de Incerteza
• Adaptabilidade
• Abordagem Sistemica
Mas e o Risco?
A gestão de inovação traz segurança e resiliência quando bem aplicada.
Os riscos são gerenciados e compartilhados, o que passa segurança para obtermos investimentos e apoio necessários para o sucesso do projeto.
Manual de Oslo
A ISO 56002 é recente, lançada em Outubro de 2020, em meio a pandemia.
30 anos atrás, em 1990, foi editada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) a primeira edição do Manual de Oslo - Proposta de Diretrizes para Coleta e Interpretação de Dados sobre Inovação Tecnológica.
Sua primeira tradução para o português foi feita em 2004 pelo FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos - empresa pública brasileira de fomento à ciência, tecnologia e inovação em empresas, universidades, institutos tecnológicos e outras instituições públicas ou privadas, sediada no Rio de Janeiro. A empresa é vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação.
Em 2018 uma nova edição foi lançada, e escrevi a respeito num artigo recente: "Inovação, eis a questão".
Conclusão
O caminho da inovação é um caminho de propósitos.
O resultado dos trabalhos pode não ser o esperado, mas o propósito garantirá os benefícios do mesmo.
Por exemplo, em meio a corrida espacial uma série de tecnologias avançaram tangenciando o objetivo primário da viagem espacial propriamente dita.
Lembre-se, conceitos antecedem os projetos e perpassam as tecnologias. Tecnologias mudam sempre, conceitos raramente.
Há milhares de anos as pessoas anseiam por pontes e barcos, e será sempre assim.
Cabe a nós - os pontífices - entender que a demanda real é cruzar rios e mares, e trabalhar por isso.
E seja feliz.
Galahad numa pintura de George Frederick Watts

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