Arquitetura de Soluções

TOGAF - Um framework para por ordem na casa

Publicado em 18 de janeiro de 2024

No Brasil, e em muitos países emergentes, é comum e compreensível que empresas conquistem crescimento sem um correspondente avanço na governança.

 

Nesses cenários, a Receita Federal cobra as obrigações fiscais, os acionistas buscam os lucros, os clientes exigem entregas, e frequentemente a deficiência na governança só se torna evidente durante auditorias e incidentes. As demandas muitas vezes são atendidas apenas para "cumprir tabela".

 

Pensando nisso a The Open Group , com um aporte de empresas como IBM, NASA e até o Departamento de Defesa Americano elaboraram o framework TOGAF para apoiar nas tomadas de decisões estratégicas para suporte do negócio, com vistas a melhor integração entre sistemas e uma normalização de abordagens e terminologia.

TOGAF no caso significa literalmente "The Open Group Architectural Framework".

Suas principais características são:

  • Estabelecer uma vocabulário comum;
  • Apresentar uma metodologia para definição de um Sistema de Informação como um conjunto de blocos e como eles se encaixam;
  • Apresentar padrões recomendados;
  • Apresentar alguns produtos compatíveis com esta abordagem de blocos;

Para isso o framework oferece dois recursos principais: TRM e SIB.

TRM - Technical Reference Model

O TRM oferece uma taxonomia, ou seja, uma definição de terminologia, e um componente visual.

De forma macro, temos aplicações, plataformas e infra de comunicação.

Togaf - TRM - Technical Reference Model


SIB - Standards Information Base


O SIB tem como principais aplicações:

  • Desenvolvimento Arquitetural;
  • Aquisição de Produtos;
  • Informações de referência em geral.

Além disso temos também o III-RM que é uma sigla para Integrated Information Infraestructure Reference Model que por sua vez visa os seguintes pontos:

  • Aplicações de Negócio - provedores & consumidores de informação, ou mesmo intermediadores;
  • Ferramentas de Desenvolvimento;
  • Ferramentas de Gerenciamento;
  • Plataforma de Aplicativos;

TRM Detalhado

 

Pontos de Vista (Viewpoints)


A ideia dos Viewpoints é que numa arquitetura empresarial complexa diferentes partes interessadas têm diferentes preocupações e perspectivas. 


Por exemplo, os executivos de negócios podem estar interessados em uma visão de alto nível que destaque como a arquitetura suporta os objetivos estratégicos, enquanto os arquitetos técnicos podem estar mais preocupados com aspectos detalhados relacionados à infraestrutura e tecnologia.

Alguns exemplos de Viewpoints no TOGAF incluem:

  1. Business Viewpoint (Visão de Negócios): Foca nas necessidades, objetivos e processos de negócios. É relevante para os stakeholders de negócios.
  2. Data Viewpoint (Visão de Dados): Concentra-se na estrutura e organização dos dados na organização. É relevante para os stakeholders envolvidos na gestão de dados.
  3. Application Viewpoint (Visão de Aplicação): Aborda a organização e a interação das aplicações no ambiente empresarial. É relevante para desenvolvedores e arquitetos de software.
  4. Technology Viewpoint (Visão de Tecnologia): Centra-se nas infraestruturas de tecnologia e na seleção de plataformas. É relevante para arquitetos de infraestrutura e tecnologia.
  5. Security Viewpoint (Visão de Segurança): Trata das questões de segurança em toda a arquitetura. É relevante para os responsáveis pela segurança da informação.

Conselho de Revisão de Arquitetura


Um engano comum cometido por algumas empresas é entender que o Arquiteto Corporativo resolverá todos os seus problemas, semelhante ao que as vezes pensam sobre o DPO - Data Protection Officer - quando o assunto é LGPD, imaginado que ele sozinho resolverá tudo o que a empresa precisa para estar em Compliance com a legislação.


A ideia do Conselho de Arquitetura é supervisionar a implementação da estratégia. 


Este grupo deve ser representativo de todas as principais partes interessadas na arquitetura, inclusive o C-Level.


O custo de estabelecer e operar um Conselho de Arquitetura é mais do que compensado pelas economias resultantes da prevenção de soluções pontuais e desenvolvimentos irrestritos em toda a empresa, que invariavelmente levam a:

  • altos custos de desenvolvimento;
  • overlap - multiplicidade de soluções distintas para o mesmo problema;
  • altos custos de operação e suporte;
  • inúmeras linguagens de implementação;
  • inúmeras interfaces e protocolos;
  • qualidade inferior;
  • maior risco;
  • dificuldade em replicar e reutilizar soluções;

 

E entre suas principais responsabilidades do conselho temos:

  • garantir a consistência entre os sistemas;
  • mapear componentes reutilizáveis;
  • garantir a evolução aderente ao negócio;
  • manter as aplicações em compliance;
  • melhoria contínua do nível de maturidade da arquitetura na organização;

Conclusão

Ter um arquiteto corporativo usando TOGAF dentro de uma organização é crucial para diversas razões, refletindo a importância dessa prática na gestão eficaz da arquitetura empresarial, trabalhando desta forma para:

  1. Alinhamento Estratégico: assegura que os recursos e esforços estejam direcionados para iniciativas que realmente impulsionem o sucesso da empresa.
  2. Gestão Eficiente de Recursos: identificação de redundâncias, otimização de processos e alocação eficiente de recursos.
  3. Compreensão Holística: O TOGAF promove a criação de uma visão holística da organização considerando diferentes perspectivas (Viewpoints) considerando aspectos de negócios, dados, aplicações e tecnologia.
  4. Tomada de Decisão Informada: um arquiteto corporativo pode basear suas decisões em padrões e melhores práticas estabelecidas pelo framework, garantindo a coerência e a qualidade das decisões arquitetônicas.
  5. Adaptabilidade e Resiliência: O TOGAF permite que a arquitetura empresarial seja flexível e adaptável às mudanças do ambiente de negócios.
  6. Governança Eficaz: O arquiteto usando TOGAF contribui para o estabelecimento e implementação de processos de governança eficazes, garantindo que a arquitetura esteja em conformidade com os padrões e requisitos da organização.
    Facilitação da Comunicação: O TOGAF fornece uma linguagem comum e estrutura para a comunicação entre as partes interessadas.

Referência: https://www.opengroup.org/togaf

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