Arquitetura de Soluções

Packaged Business Capabilities: Como alinhar capacidades de negócio, entrega de valor e arquitetura de sistemas

Publicado em 21 de novembro de 2024

Em um mercado dinâmico, as organizações enfrentam o desafio de alinhar suas operações internas às necessidades e expectativas dos clientes, respeitando restrições de prazo, custo, risco e qualidade.

Nesse cenário, o conceito de alinhamento entre capacidades e entrega de valor emerge como um dos pilares fundamentais para transformar estratégias em resultados tangíveis.

Como conectar essas dimensões para maximizar os resultados do negócio?

Capability & Value Stream


Neste artigo, vamos usar os termos Capability e Value Stream em inglês devido à sua ampla adoção e reconhecimento em frameworks de arquitetura empresarial, como TOGAF, SAFe e COBIT, bem como em análises e relatórios de consultorias renomadas, como o Gartner e a Forrester.

Assim, preservamos o significado técnico e nos conectamos diretamente a referências internacionais.

O que são Capabilities e por que elas importam?


As capabilities de uma organização representam "o que" ela é capaz de fazer para alcançar seus objetivos. Elas englobam processos, recursos, habilidades e tecnologias que suportam as funções principais do negócio. 

Por exemplo, um banco pode ter capacidades como "Análise de Crédito", "Gestão de Riscos" e "Processamento de Pagamentos".

Capacidades são relativamente estáveis, com poucas mudanças ao longo do tempo, e oferecem uma visão clara das competências da organização, permitindo que os líderes identifiquem lacunas, fortaleçam áreas críticas e tomem decisões estratégicas.

Value Stream


Os Value Streams representam o "como" a organização entrega valor aos clientes ou stakeholders. 

São jornadas ou processos pelos quais os produtos e serviços passam, desde a concepção até a entrega final. Exemplos de fluxos de valor incluem "Abertura de Conta Digital" ou "Aprovação de Empréstimos".

Diferentemente das capacidades, os fluxos de valor são dinâmicos e refletem a experiência do cliente e os resultados esperados. 

Eles conectam diretamente os objetivos estratégicos à entrega de valor, tornando-se essenciais para entender como a organização gera impacto nos clientes.

Como alinhar Capabilities e Value Streams?
O alinhamento entre Capabilities e Value Streams exige planejamento estratégico, colaboração entre equipes e ferramentas que possibilitem a integração eficiente. 

O primeiro passo é identificar as capacidades da empresa, assim como as respectivas aplicações, e traçar sua correspondência com os fluxos de valor.

De acordo com os objetivos de negócios, as capacidades podem receber maior atenção e melhorias.

Funil


Figura 1 - Representação do fluxo das capabilities até a entrega de valor.


Organização das aplicações


Quando levamos o conceito de Capability para a arquitetura de sistemas, temos a oportunidade de criar uma correspondência 1:1 de modo que cada serviço ofereça uma capability completa, e que por sua vez seja sustentado exclusivamente por um único time.

Relação de microservices de Capabilities e Microservices de Value StreamFigura 2 - Indicação da correspondência de capability, microservice e time.


Do mesmo modo, é possível adotarmos patterns como BFF, Aggregator, Chained, entre outros, para criação de um Microservice correspondente a um Value Stream, que do mesmo modo deverá ser cuidado por um único time.

 

Relação de Microservices de Capabilities e Microservices de Value Stream

Figura 3 - Relação de microservices de Capabilities e Microservices de Value Stream.


Naturalmente, se necessário, um único time pode manter várias capabilities e value streams com seus respectivos serviços. 

O importante é não manter serviços sem responsável ou com mais de um responsável para evitar conflitos.

Relação de microservices de Capabilities e Microservices de Value Stream

Figura 4 - Indicação de que um time pode manter vários microservices.


Packaged Business Capabilities


O conceito de Packaged Business Capabilities, proposto pelo Gartner em 2020, descreve um "empacotamento" de capabilities de negócio, ou seja, o entendimento de capabilities como "building blocks" ou "blocos de montar" a serem utilizados pela área de negócios ou arquitetura de soluções para montar ofertas através de composição.

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Figura 5 - Gartner AADI Summit “Navigate the Strategic Roadmap to the Future of Applications”, 2 Mar 2020, Paul Vincent


Logo, enquanto os Value Streams entregam valor operacional específico, o Composable Business promove agilidade e inovação como modelo estratégico.

Composable Business utiliza capabilities modulares e reutilizáveis, enquanto o Value Stream aproveita essas capabilities para operacionalizar a entrega de valor.

Ou seja, Value Streams referem-se à entrega de valor e Composable Business enfatiza flexibilidade na criação de ofertas.

Conclusão


O alinhamento entre capacidades e entrega de valor não é apenas uma abordagem técnica, mas também estratégica. 

Permite que as organizações convertam seus recursos e competências em resultados de alto impacto para clientes e stakeholders.

Em tempos de mudanças rápidas, essa conexão se torna ainda mais crucial para garantir relevância e competitividade no mercado.

Etapas resumidas:

Mapeamento de Capabilities e Value Streams correspondentes;
Mapeamento e agrupamento de aplicações por Capabilities;
Contextualização de times e aplicações por Capabilities e/ou Value Streams, caso ainda não seja deste modo;
Isolamento de infraestrutura por Capabilities;
Empacotamento das Capabilities como building blocks reutilizáveis;
Otimização de Capabilities para atendimento do negócio.

Referências

https://www.gartner.com/smarterwithgartner/gartner-keynote-the-future-of-business-is-composable

Figuras geradas com o https://www.napkin.ai/

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